Papo Baixada: Redes Culturais

No dia 20 de setembro de 2018 aconteceu no pátio do IFRJ/Campus Nilópolis, mais uma edição do Papo Baixada, com o tema Redes Culturais. O evento foi realizado pelo grupo PET/Conexões de Saberes em Produção Cultural. Teve como convidados Alexandra Mércia, Lino Rocca e Rodrigo Caê. Contou com um público assistente de 77 pessoas.

Mais conhecida como M’alê, Alexandra é produtora cultural e Mc. Faz parte do coletivo FALA, que promove eventos culturais gratuitos em Duque de Caxias e Belford Roxo;  Lino Rocca é diretor, ator, palhaço e produtor, além de ser um dos fundadores da Rede Baixada Em Cena, que visa por meio da mobilização de diferentes grupos teatrais da Baixada Fluminense, fortalecer o cenário e promover a circulação destes dentro da região; Rodrigo Caê, produtor cultural, músico e Dj, participa da gestão e produção executiva do selo Mondé, além de realizar projetos nas áreas da música, artes visuais e cinema na Horizontal Produções.
Os convidados falaram de como seus caminhos pessoais construíram suas trajetórias profissionais, e da importância do estabelecimento das redes sociais e culturais não só para o alcance de seus objetivos, como também para a própria construção dos atores sociais e profissionais que se tornaram. Rodrigo Caê, graduando do bacharelado em Produção Cultural do próprio instituto, começou no Centro Cultural Donana, em Belford Roxo, tendo feito parte de diversos coletivos culturais, especialmente relacionados à música. Já Alexandra começou a frequentar o FALA após ter sofrido um acidente grave, que a manteve afastada de suas atividades rotineiras por bastante tempo, e partiu em busca de algo para não ficar parada. Lá ela se sentiu acolhida e teve oportunidade de aprender a trabalhar com produção na prática, muitas vezes estabelecendo redes de forma bem espontânea.
De certo modo, a trajetória de todos os convidados se deu de maneira fluida e contínua, salientando o papel das redes sociais como meio de potencializar o trabalho dos atores culturais.

Durante o bate-papo, Lino assinalou a necessidade de se entender a rede não apenas como uma forma de trabalho, mas como modo de ação política no mundo, contribuindo para a transformação das relações humanas. Ele discorreu sobre as potencialidades e formas de trabalho coletivo que as redes proporcionam, mas atentou para as seguintes questões: a importância da relação presencial ao se trabalhar em rede; não manter os discursos apenas no plano das ideias, mas coloca-os em prática; conflitos de interesses também existem no interior das redes, assim como em qualquer lugar.
Uma das questões abordadas durante o evento foi a respeito das formas de construção de financiamento utilizadas pelas redes culturais. Segundo os convidados, as que eles costumam utilizar são o crowdfunding, a moeda social (troca de serviços entre os atores sociais) e os cursos livres, cujas taxas são utilizadas como meio de financiamento. Entretanto, foi assinalado o quanto é fundamental a existência de políticas públicas que visem interesses coletivos para potencialização das redes, contribuindo desta forma para uma mudança da sociedade.
Entre as vantagens e desvantagens de se trabalhar em rede, Caê apontou para o trabalho em grupo, e absorção de coisas positivas. Segundo ele, as ruins são filtradas. Também foi discutida a perspectiva como mulher de M’alê, que atua em um ambiente majotariamente masculino, onde ainda há muito machismo, e de como ela contorna determinadas situações, como assédio por parte de outros agentes culturais e de silenciamento de seu discurso por se tratar de uma mulher. Por fim, um outro ponto importante abordado foi da importância de se buscar profissionais do próprio território para atuar nestes.

Por: Carol Coêlho

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