No dia 12
de julho aconteceu no Centro Cultural Donana, em Belford Roxo, mais um Papo
Baixada, organizado pelo PET – Conexões de Saberes em Produção Cultural, tendo
como tema as rádios comunitárias. Os convidados foram Daniel Guerra, músico,
professor de educação artística e apresentador do programa semanal Quitanda
Cultural no auditório da Rádio Roquette Pinto, Altamiro “Mirim” Costa,
fundador e atual diretor de comunicação na rádio comunitária Novos Rumos e Luiz Renato, historiador,
produtor e integrante da web radio Live Rock.
Mediante
um bate papo descontraído e com ampla participação do público presente tivemos
Daniel Guerra falando de sua carreira, sua passagem pela TV comunitária Nova
Baixada, que alcançava 63 mil expectadores até o convite para apresentar o
programa Quitanda Cultural, ressaltou o sentimento de pertencimento da
comunidade com o conteúdo apresentado, do papel da comunicação na discussão
acerca da importância da cultura em tempos delicados e a necessidade de leis
que sustentem essa produção, evitando dessa forma a alienação popular. Falou da
imposição cultural da grande mídia, abordando a questão do “jabá”, o ato de
pagar para ter sua música veiculada nas rádios comerciais e a relevância das
rádios comunitárias, mais abertas à diversidade cultural, ao fugir dessa
imposição, atingindo dessa forma um público a nível local com mais facilidade.
Daniel exprimiu a necessidade de conhecer a história de sua localidade, criando
uma identificação com a comunidade e como as rádios comunitárias tem parte
nesse processo.
Altamiro “Mirim” falou da fundação da Rádio
Novos Rumos, fundada em abril de 1991 no município de Queimados, sendo umas das
pioneiras desse segmento no país, junto com a Rádio Favela de Belo Horizonte,
falando das dificuldades tanto financeiras (devido à proibição de ter apoio
financeiro ou patrocínio) como as enfrentadas com as autoridades, sua
trajetória desde apresentador até o cargo atual. Definiu o comunicador popular
como o que fala aquilo que a população entende, sendo um contraponto à grande
mídia por ter seu trabalho voltado para a comunidade e tendo o apoio desta.
“Mirim” defendeu a necessidade de uma flexibilização nas leis e até mesmo a
desobediência civil na busca da liberdade de expressão e da democratização da
informação. Foi abordada pelo convidado a origem das rádios livres e como estas
deram origem às rádios comunitárias e suas diferenças, calcadas no fato das
rádios comunitárias seguirem estatutos e regimentos, buscando estarem outorgadas
junto às autoridades para garantir seus espaços.
Luiz
Renato falou do início de sua atuação em grêmios estudantis ainda na época da ditadura,
seu início como produtor na equipe do Festival Hollywood Rock, seu ingresso na
Feuduc o que culminou com a sua mudança para Duque de Caxias, sua participação
na fundação da Caxias TV Comunitária e como por meio de seu conhecimento com
diversos coletivos foi convidado para trabalhar na web radio Live Rock, que
utiliza dessa nova plataforma regularizada para atingir não só a Baixada mas
outros 45 países. Luiz Renato discorreu sobre o funcionamento de uma rádio
online, além dos mecanismos e programas necessários para ir ao ar, sendo um
instrumento importante principalmente para os jovens que querem investir nesse
meio por ser financeiramente mais viável na divulgação de novos artistas. Por
fim falou do seu trabalho no resgate da história da Rádio Fluminense FM fazendo
parte da curadoria do evento que aconteceu no MAC em Niterói com apresentações
de bandas autorais novas e antigas. Luiz Renato e Altamiro chamaram a atenção
para o papel das mulheres dentro das rádios partindo da história da própria
Rádio Fluminense, que foi a primeira a contar com uma equipe de locutoras 100%
formado por mulheres, além de seu trabalho na divulgação de novos artistas.
Então o
debate foi aberto à participação do público em que foram abordadas questões
como a democratização do acesso à cultura, a importância da comunidade nesse
processo visto que atualmente sofremos um desmonte social e cultural e o dever
de todos, principalmente a juventude, estarem engajados na busca da democracia
e de seus direitos para, utilizando dos meios políticos, construir um espaço
democrático através das rádios comunitárias.
“A rádio
comunitária incomoda porque dá voz ao povo” (Altamiro “Mirim” Costa)
Por: Adriano Santos.
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